Ex-SBT cria torcida gay do Corinthians
Famoso ao interpretar uma segunda versão do personagem Pablo no extinto
programa Qual É a Música, do SBT, Felipeh Menezes resolveu criar uma
torcida organizada em homenagem ao Corinthians. No entanto, o plano do
hoje jornalista e apresentador é inaugurar o primeiro grupo homossexual a
acompanhar um time de futebol nos estádios.
"Não existe no mundo, vai ser a primeira torcida gay no mundo, não
existe nenhuma torcida gay. Isso vai gerar mídia espontânea e o clube
poderá fazer inserção no mundo, isso vale muito a pena", disse Menezes
ao UOL Esporte.
A criação do jornalista terá um nome em homenagem à Gaviões da Fiel,
principal organizada corintiana: Gaivotas Fiéis. Segundo Menezes, o
futebol precisa de um representante como essa torcida, pois é uma
modalidade propícia a isso.
"Inserir gay no futebol fica muito mais divertido. Minha opinião é que a
maior manifestação gay é um estádio de futebol, com 60 mil homens
assistindo outros 22, de shorts, correndo atrás de uma bola. Aí, quando
faz gol, todos gritam, pulam, batem na bunda, faltam só se beijar. Vejo
isso como uma grande manifestação", falou o apresentador que não teme
retaliações nem violência.
"Eu não parei para pensar nisso (violência e agressão). Se parar para
pensar, a gente não dá o primeiro passo, porque isso é uma torcida
organizada e não uma discussão sobre sexualidade, discussão sobre
questão social. Futebol é diversão. Se quiserem agredir e fazer
retaliação, fica a critério deles essa atitude.
Eu acredito que com isso
vai diminuir a quantidade de brigas, desavenças dentro do estádio. As
baladas mais frequentadas por gays são as com menos índices de brigas.
Não quero dividir os gays no estádio, mas vão ter de respeitar, temos de
ser considerados. Vão ter de engolir, pois estaremos pagando para estar
lá e não podem tirar o direito de ir e vir do cidadão", completou.
O projeto de Menezes começou há dois anos, mas ganhou uma força maior
após o selinho dado por Emerson Sheik em Isaac Azar, dono de um
restaurante paulistano. "Só deixaram claro, com a manifestação que
fizeram, que existia uma fatia nesta questão toda que precisava ser
ocupada", afirmou.
Presidente da Gaivotas Fiéis, o apresentador, que já legalizou a parte
jurídica da torcida, espera contar com 500 mil adesões quando o projeto
for divulgado. Segundo ele, a iniciativa está sendo feita em parceria
com a Associação LGBT. No próximo sábado, Menezes deverá se reunir com
membros da diretoria do Corinthians e das organizadas da equipe para
"alinhar" seu plano.
O idealizador acredita que após o lançamento da Gaivotas Fiéis, outros
clubes deverão seguir o mesmo passo. Para ele, essa manifestação é mais
legítima que a Parada Gay.
"Inserir uma questão como essa, dentro de uma torcida organizada do
Corinthians, vai ser um avanço muito grande. Não tem por que segmentar o
público gay. Acredito mais em iniciativa como essa, inserir o público
em um contexto bacana, dentro do esporte, dentro dos clubes, do que
fazer uma parada gay", admitiu o apresentador, que explica o motivo de
ter escolhido o Corinthians.
"Sou corintiano roxo, ou rosa, sei lá. Amo meu time, sempre gostei.
Vamos tirar um pouco do preconceito de que gay gosta de coisinhas de
mulher. Ir ao estádio e xingar é a melhor terapia", finalizou.
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