30 de julho de 2015

Plano para profissionalizar gestão do São Paulo já está nas mãos de Aidar

Elaborado por Alexandre Bourgeois, CEO indicado por Abílio Diniz, projeto cria gestores remunerados, tira poder de cartolas e visa "salvar" clube da crise financeira

As próximas semanas serão importantes para o futuro do São Paulo fora de campo. O clube já tem em mãos um plano para profissionalizar sua gestão, fator considerado primordial para captar recursos e renegociar sua dívida (avaliada em R$ 273 milhões pelo presidente). Só que para esse plano sair do papel e se transformar em realidade, arestas entre Carlos Miguel Aidar, sua própria diretoria, o CEO Alexandre Bourgeois e a oposição terão de ser superadas.

Na reunião do Conselho Deliberativo, na noite da última terça-feira, Abílio Diniz foi protagonista. Empresário de sucesso e são-paulino fanático, ele apresentou um plano de governança com alterações radicais. Cada vez mais presente e influente na política do clube, ele sugeriu que um comitê de gestão composto por nove pessoas ficasse hierarquicamente acima do presidente, que teria de dar satisfações a esse grupo. Uma espécie de parlamentarismo.

O discurso de Abílio arrancou aplausos até mesmo da oposição mais ferrenha, como Juvenal Juvêncio e seus aliados mais próximos. Mas, no clube, não se percebe muita disposição de Aidar em se tornar uma espécie de "rainha da Inglaterra".

Porém, há outro plano, esse um pouco mais comedido, mas também com mudanças profundas na gestão. Foi elaborado pelo CEO Alexandre Bourgeois, indicado por Abílio e contratado por Aidar. Nele, a última palavra política permanece nas mãos do presidente. A mudança mais profunda está nas diretorias. Cada departamento estratégico (futebol, marketing, social, financeiro, etc) teria um gestor profissional, remunerado, responsável pela área.

Os atuais dirigentes fariam parte de cada departamento, dentro de vários comitês criados para avalizar ou não as medidas dos gestores, sempre capitaneados pelo presidente. No futebol, por exemplo, Aidar, seu vice-presidente, os demais diretores da área e o gestor decidiriam juntos.

São justamente os cartolas atuais, do modelo tradicional, que dedicam ao clube horas livres de seus empregos, que surgem como maior obstáculo para que o plano de profissionalização se concretize. Não querem perder o poder e as vantagens que ele acarreta.

Aidar tem se comprometido, inclusive publicamente, a modernizar a gestão do São Paulo. Enaltece a contratação do CEO e de mais um profissional do mercado financeiro, e diz que futuramente tem planos de implantar o clube-empresa. Colocar em prática esse projeto seria o primeiro passo.

É provável que a situação (seus diretores) lhe dê mais trabalho do que a oposição. Uma das tarefas de Abílio Diniz no último mês foi transitar entre as áreas mais conflitantes do São Paulo e pedir apoio ao CEO e à tentativa de profissionalização. Ele se reuniu com Aidar, com opositores e com o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

A próxima reunião do Conselho está marcada para daqui a dois meses. Espera-se que resultados e mudanças já possam ser notadas para que o São Paulo possa sair do buraco. A missão do presidente será se equilibrar entre a saúde financeira e o ciúme e a cobiça de seus aliados.


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