7 de abril de 2015

Para Aidar, novo técnico é chance de imprimir sua "marca" no São Paulo

Departamento de futebol do Tricolor estava praticamente estabelecido no início do mandato do presidente, em abril de 2014. Agora, ele participará de escolha importante

No início da sua gestão, em abril de 2014, Carlos Miguel Aidar herdou um modelo basicamente estabelecido no departamento de futebol do São Paulo. À época, Gustavo Vieira de Oliveira era (e continua sendo) o gerente de futebol, e a comissão técnica estava sendo liderada por Muricy Ramalho, Tata e Milton Cruz, que já vinham dos tempos de Juvenal Juvêncio, antecessor e desafeto de Aidar. Sua única escolha foi nomear Ataíde Gil Guerreiro para ser o vice-presidente de futebol.

A saída de Muricy, confirmada na última segunda-feira, dá ao presidente a chance de colocar uma "marca" própria no principal departamento do clube – Muricy confirmou à reportagem que vai se despedir de todos no treinamento desta terça-feira de manhã. Por isso, na cabeça de Aidar, um treinador estrangeiro ainda não está descartado, segundo pessoas próximas a ele.

Tanto que um dos nomes estudados é o de Alejandro Sabella, ex-treinador da seleção argentina, vice-campeã na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e que causaria impacto. Ele, inclusive, cogita a ideia de tentar um encontro com o técnico antes de retornar ao Brasil, pois está no Paraguai para uma reunião com a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).

Por outro lado, a decisão deixa o presidente com uma importante responsabilidade nas mãos. O nome escolhido terá de comandar o time no mata-mata do Paulista, iniciado no próximo domingo, com as quartas de final contra o RB Brasil, e também de classificar a equipe às oitavas de final da Taça Libertadores. O time enfrentará o Danubio, do Uruguai, na próxima quarta-feira (dia 15), e depois o rival Corinthians, no Morumbi, no dia 22, pela fase de grupos.

Internamente, diretores do São Paulo admitem que o racha político entre Aidar e Juvenal influencia em algumas decisões tomadas pelo atual mandatário. Ou seja, nem sempre só critérios técnicos são levados em conta, mas também políticos.

Nesse contexto, o futebol é justamente o departamento mais visado, no qual pessoas importantes ligadas a Juvenal seguem com cargos. Com um treinador da sua escolha, Aidar diminuiria um pouco mais a influência do antigo dirigente.

Com possibilidades abertas e ideias discutidas internamente, o São Paulo confia a Milton Cruz a tarefa de assumir o time pelos próximos três ou quatro jogos. Ataíde garante que ele retomará a função antiga de auxiliar após a definição do novo técnico, mas há quem tema pela saída de Milton em caso de desempenho ruim como interino.

Em crise, o São Paulo tem panorama político conturbado e tenta juntar os cacos para se reencontrar dentro de campo. Tanto que mesmo com o nome de Sabella em pauta, o clube ainda discute o perfil do novo treinador. Logo após a confirmação da saída de Muricy, Ataíde afirmou que estava buscando um profissional no mercado nacional. Por enquanto, porém, apenas um nome está descartado: o de Leonardo. Até Mano Menezes segue em pauta.

Livre no mercado, o ex-treinador da Seleção tem rejeição, mas é um dos nomes citados nos bastidores. Vanderlei Luxemburgo (Flamengo) e Abel Braga (ex-Internacional) eram falados antes da demissão de Muricy, assim como outro argentino, Jorge Sampaoli, técnico da seleção do Chile. O problema nesse caso é que o São Paulo teria que esperar, pelo menos, até o fim da Copa América, em julho, e a diretoria julga que os problemas encarados desde o início do ano podem se intensificar se houver tanto tempo sem uma definição.

0 comentários: