10 de fevereiro de 2014

Porque Alexandre Pato pode dar certo no São Paulo



A diretoria do São Paulo passou as últimas semanas, desde o início de 2014, afirmando que procurava jogadores de perfil comprometido para reforçarem o elenco. Tais peças chegaram: os laterais Alvaro Pereira e Luis Ricardo, além do volante Souza demonstraram, fora de campo, discurso mais convincente e argumentação mais elaborada do que a média do elenco de 2013. Agora, o clube contrata Alexandre Pato, que não segue tal escrita e sofreu no Corinthians exatamente por suposto descompromisso profissional. Para que Pato mude e seja, no Morumbi, o jogador que se viu nos bons anos de Milan, a diretoria já prepara uma linha de comportamento que o atacante deverá seguir. O primeiro choque será logo em sua apresentação.

Alexandre Pato deverá ser apresentado, se não houver imprevistos, na próxima quarta-feira. Não haverá qualquer celebração diferente no anúncio ou pompa em seu primeiro contato com os jornalistas. A ideia do São Paulo é mostrar a Pato que ele será tratado apenas como mais um no clube, em condições iguais. Será apresentado na sala de imprensa do CT da Barra Funda, assim como foram Luis Ricardo, Dorlan Pabon e Souza, em 2014.

A diretoria são-paulina não fala formalmente, mas sabe que Pato foge à linha compromissada que decidiu adotar para contratar em 2014. A aposta, no entanto, é na fé de que o atacante ainda pode voltar a ser o jogador extraordinário que demonstrou ser no Milan, em alguns momentos, após ser vendido como grande promessa do futebol brasileiro aos 17 anos, quando ainda atuava pelo Internacional.

Pato foi envolvido em negócio que contou a cessão do meia Jadson ao Corinthians. Ele ficará emprestado ao São Paulo até o fim de 2015, com a possibilidade de deixar o clube caso receba proposta que atinja 15 milhões de euros até o fim deste ano, ou 10 milhões de euros a partir da próxima temporada. O São Paulo terá direito a 10% do lucro do Corinthians entre os valores de compra e venda de Pato, em caso de saída. Ele não pode atuar contra o ex-clube enquanto emprestado, assim como Jadson não enfrentará o São Paulo em 2014.

Apesar de Pato não seguir o novo modelo são-paulino, a diretoria cita alguns argumentos para sustentar a contratação. Abaixo, o UOL Esporte lista algumas das explicações de dirigentes e/ou membros da comissão técnica que justificam a contratação do jogador e fazem o São Paulo pensar que Pato não fracassará como fracassou no Corinthians. 

1. Pela primeira vez, Pato saiu pela porta dos fundos e começa em baixa
Alexandre Pato chega ao São Paulo com a necessidade de provar que ainda é um jogador de primeira classe. A análise é que se jogar mal durante o empréstimo, ele próprio será o maior prejudicado. Terá deixado os bons momentos no passado. Por isso, o São Paulo acredita que o desafio de ter que jogar bem e a pressão por um melhor desempenho farão diferença positiva.

 2. No São Paulo, não terá tratamento de popstar
No Corinthians, o atacante chegou com salário astronômico, de cerca de R$ 800 mil – maior do elenco – e após uma negociação que tirou R$ 40 milhões dos cofres do clube. Mais caro do Brasil naquele momento, chegou como popstar. No São Paulo, não será assim. O clube paga apenas metade de seu salário – o Corinthians paga a outra – e inicialmente não haverá ações com Pato como personagem. O atacante fez diversas aparições em iniciativas de marketing envolvendo o Corinthians.

3. Torcida será mais tolerante do que no Corinthians
A diretoria do São Paulo afirma que a torcida são-paulina será mais tolerante com Alexandre Pato do que no Corinthians. O argumento é baseado nos últimos protestos, no qual cerca de 200 membros de organizadas invadiram o CT Joaquim Grava tendo Pato e Emerson Sheik como maiores alvos. A principal organizada do São Paulo, no entanto, já se opôs à contratação.

4. Demora para estreia pode ajudar
A comissão técnica e a diretoria avaliam como positiva a demora para Pato estrear. Ele está impedido de jogar o Paulistão porque já fez cinco partidas pelo Corinthians e ultrapassou o limite de três. Só poderá estrear no dia 12 de março, contra o CSA, pela Copa do Brasil. O São Paulo encara esse período como positivo para adaptação do jogador aos novos companheiros, à torcida e ao esquema tático de Muricy Ramalho. A necessidade de resposta não será imediata.

5. Muricy já tem posição definida para Pato
Pato não deu certo no Corinthians e ouviu críticas de Tite e Mano Menezes por não se encaixar no esquema tático. O primeiro treinador tentou na maioria das vezes faze-lo jogar como ponta, em uma das laterais do setor ofensivo. Mano tentou que Pato fosse centroavante. Não deu certo em nenhum caso. No São Paulo Muricy Ramalho disse que não vê Pato em nenhuma das duas posições testadas e dá a receita: o reforço jogará como segundo atacante, mas no centro do campo, ao lado de Luis Fabiano, ou como "falso 9" – referência do ataque, mas fora da área, à frente do meio de campo e entre dois pontas, mais avançados.

6. São Paulo "recuperou" Adriano...
O último e mais emblemático é dito pela diretoria são-paulina. Há alguns anos uma fé nas competências do clube para recuperar jogadores que estão em má fase. O exemplo utilizado após a contratação de Alexandre Pato é que o São Paulo foi o único clube do Brasil que conseguiu trabalhar com Adriano, antes chamado de Imperador, em ótima fase. O jogador teve grande desempenho quando emprestado ao Morumbi pela Inter de Milão (ITA) em 2008. Depois, passou pelo Flamengo em temporada marcada por bom desempenho em campo, título do Brasileirão e polêmicas fora dos gramados. Anos depois, jogou no Corinthians em passagem marcada por grave lesão no tendão-de-aquiles e mau comportamento.  Depois, firmou contrato com o Flamengo, retornou, mas nunca entrou em campo. Hoje, aos 31 anos, tenta entrar em forma no Atlético-PR.

Esse artigo foi escrito por Xandão

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