11 de setembro de 2013

Juvenal tem câncer, que apressou escolha de sucessor e gera crítica interna


O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, luta há anos contra um câncer de próstata, que nos últimos meses apresentou evolução e começa, pela primeira vez, a interferir nas decisões que envolvem o clube. A indicação de Carlos Miguel Aidar como candidato à presidência na eleição de abril de 2014 se antecipou por conta do problema saúde. Aliados do presidente relatam que os efeitos do tratamento têm influenciado nas escolhas sobre o futuro do São Paulo.

Segundo dirigentes, o câncer de Juvenal Juvêncio cruzou o limite entre o problema pessoal e o comando do São Paulo. Aos 82 anos, o presidente se viu obrigado a intensificar o tratamento que antes rejeitava frente à evolução do câncer. Rejeitava para que não precisasse se afastar do clube e pudesse exercer a condição de presidente. Tinha acompanhamento sem quimioterapia, que apenas amenizou a evolução do câncer, mas não foi o suficiente para causar regressão.

A antecipação da escolha de Carlos Miguel Aidar - seu segundo padrinho político no clube - como sucessor teve total relação com a evolução do problema de saúde, segundo relatam aliados. O delicado tratamento fez com que Juvenal apressasse medidas consideradas mais importantes, uma vez que a eleição só acontecerá daqui a oito meses. A demissão de Paulo Autuori e a contratação de Muricy Ramalho também foram influenciadas pelo mesmo motivo.

As contestações dos próprios aliados acontecem porque o tratamento de saúde tem resultado em obstáculos para o clube. O adiantamento de decisões políticas é criticado pelos subordinados. Ao definir Aidar como candidato indicado, Juvenal irritou um de seus seguidores mais leais: o vice-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que ameaça até romper com a situação - o que dificultaria a vitória no pleito de abril de 2014.

Outra consequência criticada é o afastamento de Juvenal do futebol. Seus aliados estão preocupados que o agravamento do problema de saúde o isole ainda mais do clube em um momento complicado como o atual, na zona de rebaixamento e sem um diretor no departamento. O São Paulo vive a maior crise de sua história e o futebol está entregue ao vice João Paulo de Jesus Lopes e ao gerente Gustavo Vieira de Oliveira - não houve reposição para o cargo do qual Adalberto Baptista se demitiu em julho.


Ainda no futebol, outro ponto citado por dirigentes da situação é que o afastamento do presidente por problemas de saúde atrapalhou na busca de reforços durante a última janela, e logo após a demissão de Adalberto Baptista. O São Paulo negociava com alguns atletas quando dirigente pediu demissão. Até que Gustavo Vieira de Oliveira assumisse a gerência, não foi possível retomar as negociações. O lateral direito Luis Ricardo, da Portuguesa, teve as conversas interrompidas durante a turbulência na diretoria. Juvenal Juvêncio, que poderia ter se envolvido, não pôde fazê-lo.

Juvenal segue o tratamento médico, agora intensificado, e pretende manter plenamente a função de presidente do São Paulo até abril de 2014, quando encerrará seu mandato. Ele foi apadrinhado politicamente no clube pelo ex-presidente e ex-governador do estado de São Paulo Laudo Natel, teve o primeiro cargo como diretor de futebol, em 1984, e chegou à presidência pela primeira vez em 1988. Depois, voltou ao futebol durante a gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, a partir de 2002, e reassumiu a presidência em 2006. Desde então, marcou-se como um dos maiores dirigentes da história do clube: foi tricampeão brasileiro após herdar o time campeão mundial e conseguiu aprovar duas mudanças no estatuto social do São Paulo, que permitiram o aumento do tempo de mandato e uma segunda reeleição.

Esse artigo foi escrito por Xandão

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