1 de novembro de 2011

Blog do Daniel Perrone - Globo esporte.com

O futuro é repetir os acertos do passado

Que o São Paulo é o maior clube do Brasil ninguém discute. Ao longo de sua ainda jovem história, o Tricolor acumulou tantos títulos e patrimônio que até o mais fanático rival se curva diante das evidências banhadas a ouro, prata e bronze de nosso Memorial de Conquistas, localizado em região nobre do Sacrossanto Morumbi.

Mas, tão evidente como nossa trajetória de liderança gloriosa no futebol brasileiro é a fase em que vivemos atualmente. Momento esse que se reflete em nossa política, nosso futebol e até mesmo na atitude coletiva de nossa torcida, até pouco tempo atrás a oitava do Brasil e hoje em dia a terceira desse país. O São Paulo encontra-se em águas turvas e ares nebulosos de mais uma período de transição, popularmente conhecido como “vacas magras”. Não dá para encobrir o fato de não termos vencido nenhum campeonato desde a epopéia do Tricampeonato Brasileiro, lutando até mesmo contra a Federação de nosso próprio estado.

Diante da atual negligência de conquistas; diversas teorias surgem para amplificar o descontentamento do são-paulino em geral. Mas a grande verdade é que todos nós estamos insatisfeitos com o momento do clube. O tricolor mais uma vez saiu do prumo de sua tranquila navegação e precisa novamente  encaixar as expectativas de seu plano diretor com a realidade prática do futebol. Tarefa difícil com tanta concorrência ‘desleal’ por aí, mas para nós nada impossível.

Antes de mais nada é preciso voltar  a repetir os acertos do passado. É a arte de enxergar novamente como foi construído na prática o elenco que foi campeão de tudo entre os anos de 2005 e 2008. No início dos anos 2000 o São Paulo era visto como o time do “quase”; era competitivo por conta de sua pesada camisa, mas nunca chegava lá. Em 2004 Rogério Ceni quase saiu do clube após o jogo que marcou a primeira partida pós-eliminação da Libertadores diante do Once Caldas. Depois da derrota diante do Palmeiras e com a alcunha de “Time de pipoqueiro” dada pela própria torcida (com imensa colaboração da imprensa) o futuro Mito só ficou a pedido de Marcelo Portugal Gouvêa, presidente na época.

Foi a partir daquele momento de extrema crise (muito maior que a atual) que o Tricolor ressurgiu forte, organizado e, acima de tudo, obstinado. Foram garimpados pelo Brasil jogadores sem rótulos de medalhões mas com uma coisa em comum: A vontade de vencer. Era muito potencial e sangue nos olhos. Cicinho, Josué, Mineiro, Danilo e Grafite sintetizavam esse perfil. Somados a eles vieram jogadores experientes como o lateral esquerdo Júnior, o centroavante Luisão e (um pouco mais adiante) Amoroso. A cereja do bolo foi Lugano: Uma aposta que se mostrou uma bela realidade. Jovens como Tardelli e os zagueiros Alex e EdCarlos eram boas opções no banco, que entravam e correspondiam. Enfim, um grupo harmonioso e guerreiro como poucos.

Esse elenco, que parece ter sido escolhido a dedo, contou com praticamente três técnicos a sua disposição: Cuca (o formador), Leão (o motivador) e Autuori (que para mim teve um talento ímpar de não mexer naquilo que estava ganhando). O problema daquele São Paulo, se é que tinha algum problema, nunca foi o técnico. A coisa andou bem porque tínhamos um ótimo elenco, decisões acertadas e pontuais e vontade coletiva de vencer, superando todas as barreiras. E após as glórias de 2005, a equipe teve elenco para conquistar três Campeonatos Brasileiros sob a direção de um técnico de resultados impressionantes e contratações acertadas.

Esse é o passado que me refiro e é esse é o norte que devemos nos guiar. Nossos concorrentes diretos nos imitaram na cara dura nesses últimos três anos e estão conquistando seus frutos. Não precisamos inventar muito. Jovens ou experientes, o que importa é a gana, a vontade, a superação de cada atleta que veste essa camisa. É preciso novamente apostar em um grupo que seja harmonioso e obstinado, tal qual o de 2005.

Diretores: Pensem nisso para o ano que vem.

Saudações tricolores!

Fonte: Blog do Torcedor

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