30 de novembro de 2011

Juvenal exige: 'Quero espírito de guerra para vestir a camisa do São Paulo'


Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, entre outros assuntos, presidente falou sobre o perfil dos reforços que busca e deu adeus à Libertadores

O presidente Juvenal Juvêncio, definitivamente, não está satisfeito com o desempenho do São Paulo na temporada. Do Morumbi, enquanto recebia Zico para oficializar a realização da oitava edição do Jogo das Estrelas em um dos seus maiores xodós, o mandatário atendeu à reportagem do LANCENET!, por telefone, no início da noite de segunda-feira. Ele quer mudanças, que estão em andamento.

Para 2012 ser diferente, alterações vão acontecer. Leão, com quem tem acordo verbal para seguir, pode não continuar. Vai depender de conversas nos próximos dias. No elenco, mais de quatro vão sair e três ou quatro vão chegar. Juvenal quer postura diferente, com jogadores que possam dar liga ao lado dos pratas da casa. E já não acredita mais em vaga para próxima Santander Libertadores.

– Temos de trazer figuras mais experimentadas, com grande espírito de luta, de guerra, para dar uma encorpada, o que não encontramos em 2011. Este ano já passou – explicou o mandatário.

Juvenal sabe que outro ano fora da competição sul-americana é sinal de fracasso – precisa vencer o Santos e torcer por tropeços de Coritiba, Figueirense e Inter. Por isso, está incomodado. Pensava em manter Leão, mas já não tem certeza. Tem consciência de que não pode mais errar, até porque, a própria paciência está no limite. A escolha do comando e comandados para nova temporada tem quer ser certeira.

Na entrevista, o presidente ainda falou, entre outros assuntos, sobre Luis Fabiano, Andrés Sanchez, Morumbi, aposta nos jovens e demonstrou otimismo na melhora de suas decisões para voltar ao topo.
LANCENET!: O que achou de fazer o último jogo do Brasileiro em Mogi, em vez do Morumbi (Corinthians e Palmeiras vão jogar na capital, por isso a troca de estádio)?

Juvenal Juvêncio: É algo que já tinha sido falado. Quem fosse disputar o título, teria vantagem e os outros iriam para o interior. Algo que valeria também para os outros estados. Foi o que me falaram. Foi uma norma, que o São Paulo não poderia descumprir. Deixei para o pessoal do futebol resolver. Aceitaram, vamos para uma casa que de vez em quando jogamos, gosto de lá. Não foi a melhor coisa que poderia acontecer, mas valeria para todos estados.

L!.: Contra o Palmeiras, mais uma derrota em clássico este ano. Por que só uma vitória (em nove confrontos) diante dos rivais?
J.J.: A repercussão pode ser maior ou menor. Foi um jogo em circunstâncias naturais, normais, 1 a 0, uma bola que entrou. O São Paulo precisava mais, mas não conseguiu. Como não tem conseguido durante toda a temporada. Tem jogadores importantes, mas a soma não corresponde à eficácia e o que se espera. Estamos conscientes de que não produzimos o que tinha de produzir. Fizemos escolhas individuais corretas, mas coletivamente não correspondeu. Vamos fazer algumas alterações para ver se ano que vem enquadra e a equipe encaixa.
L!.: O que fazer para ser diferente ano que vem? Vai contratar?
J.J.: Minha ideia é que saiam mais de três ou quatro, mas entrem três ou quatro, que possam vestir a camisa. Não vai chegar por chegar. Porque tenho uma produção excelente na base, fortíssima, com jovens talentosos. Gostem ou não, é um fato. Quem produz sabe do que estou falando. Tanto que temos o Lucas, que não dá para discutir, já é realidade e um grande jogador.
L!: O São Paulo precisa de uma combinação de resultados para ir à Libertadores. Como será ficar fora dessa competição?
J.J.: Quando peguei como diretor de futebol (entre 2004 e 2005) fazia 12 anos que não entrava na disputa e retornou. Depois, comigo na presidência (está desde 2006), foram sete seguidos. E agora não foi. Temos vivência nesse processo, somos quem mais foi e conhece a competição. Mas não é uma cibernética (ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas), algo eletrônico, que aciona um dispositivo e dá resultado. É momento, algo inexplicável. Hoje, um time médio pode ser campeão e um valoroso não consegue. São momentos e não conseguimos fazer time de alto poder de competição, de guerra, de luta. Faltou isso aqui e acolá. Mas vamos tentar recompor. Sabemos que não é algo científico e que nós tivemos altos e baixos.
L!: Preocupa passar mais um ano sem títulos e, de quebra, novamente fora da Libertadores?
J.J.: Sem dúvida é algo a pensar. Mas na última década fomos magnos nesta competição. Temos a nossa base, que é forte. Todas Seleções de sub isso, aquilo... A CBF sempre chama três, quatro lá de Cotia. Com os jovens, podemos estar por um instante mal, mas a expectativa de virar é rápida. E tenho certeza de que isso vai acontecer logo.
L!: O que significa ficar fora da Libertadores e ver o rival Corinthians já garantido para sua terceira participação seguida?
J.J.: Futebol tem este tipo de inesperado, mas essas alternâncias não são tão chocantes. Quem esperava que o Corinthians fosse cair (em 2007)? É desejável? Claro que não. Nesses momentos tem que ter autocrítica e estamos tento. Acho até que ano que vem vamos conseguir voltar.
L!: No mercado, está difícil encontrar jogadores com as características que procura?
J.J.: Já vi alguns perfis, mas os custos são muito altos e proibitivos. Então, estamos vendo se é viável, procurando, mas gosto de alguns.
L!: Pelo alto custo e dificuldades, pode gastar cifras parecidas com as investidas no início do ano no Luis Fabiano (R$ 17,5 milhões)?
J.J.: É difícil, acredito que não. Ali foi uma situação especial, precisávamos daquilo. Com um jogador com total identificação no clube.
L!: O Leão tem contrato até o fim do Brasileiro. Decidiu se ele continuará para o ano que vem, já que existe acordo verbal disso?
J.J.: Ainda não temos nada ajustado, finalizado. Vamos fazer uma análise, examinar, ver as consequências nos próximos dias, mas sem uma data. Não tem nada de especial no assunto. Vai ser examinado, sabemos que não ganhou grandes coisas, mas precisar ter um time, que em certo ponto está afobado, abalado. Sabemos que houve dificuldades, o que complica o trabalho.
L!: E quanto a reforços, algum está contratado? Paulo Miranda (Bahia) e Fabrício já (Cruzeiro) são reforços do São Paulo?
J.J.: Não tem nada concreto. São nomes falados, mas nada certo. Vamos aguardar esta semana para não confundir as coisas. Vamos respeitar os clubes com quem eles têm contrato, cada um com sua dificuldade e ainda em disputa no campeonato. Temos este respeito.
L!: Pode anunciar oficialmente alguma contratação logo depois do Brasileirão?
J.J.: Na próxima semana vamos começar com uma agilidade maior, um avanço mais agressivo.
L!: Mas já será contratado?
J.J.: Não para a semana que vem. Tem questões burocráticas, contratos, acertos que precisam ser feitos.
L!: A cota de TV aumentou (vai receber R$ 75 milhões). Pode ser um fator para ajudar na contratação de jogadores caros?
J.J.: Melhorou do ano que vem e a maioria pode até usar para contratações. Mas tem de pagar a conta deles também. Então, não é por aí. Vamos ver as necessidade e depois tomar a decisão. Existe a possibilidade em relação aos custos, mas é preciso tomar uma posição serena e firme. Teve o Luis Fabiano, mas fazemos uma análise. Não que não cometemos erros, o que pode acontecer. Então, vamos ver.
L!: O Morumbi garantiu a cobertura e está se modernizando. Recentemente, o presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, disse que pode usar o estádio para Copa das Confederações. Vê esta possibilidade?
J.J.: Temos sempre buscado fazer melhorias no estádio, porque é um patrimônio do São Paulo. Temos gente, existe um pensamento cultural de fazer sempre os avanços, sem visar isso ou aquilo. Não pensamos em nada disso. Queremos ter uma casa importante para tudo e assim vamos continuar.

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