Hoje tenho 26 anos, mais em 1992 eu tinha 6 e agradeço muito a Deus por ter acompanhado um momento histórico de glórias do que eu considero um dos melhores times que já vi jogar. Tive a honra e o prazer de acompanhar aquele time do SPFC campeão da Libertadores e mundial em 1992. Muita coisa era diferente naquela época, afinal essa é uma história que aconteceu há 20 anos.
Em 1992, o Brasil vivia a euforia de ainda estar com um presidente recém-eleito por voto direto. Escolha não muito boa dos brasileiros, uma vez que o Impeachment desse presidente foi pedido algum tempo depois. Eu estava ainda no pré (na época, nem sabia o que era futebol, nunca entendia o porquê daquele homem de preto tanto correr de um lado pro outro e ninguém passar a bola pra ele). Em termos esportivos, 1992 foi o ano da Olimpíada de Barcelona, onde vimos a medalha de prata de Gustavo Borges, a de Ouro de Rogério Sampaio no judô e uma das medalhas mais gostosas que vi um time ganhar na Olimpíada, a de ouro da seleção masculina de volei, com José Roberto Guimarães como técnico.
Em termos esportivos, o calendário era invertido: o campeonato Brasileiro era disputado no primeiro semestre e o campeonato Paulista no final. O campeão Brasileiro daquele ano foi o Flamengo e o Paulista foi o SPFC, em uma final com o Palmeiras. Aquela Libertadores despertou um gosto especial, não só nos tricolores, mas também em torcedores rivais, que curtiam ver aquele time jogar. Era um time extremamente profissional, comandando por um camisa 10 imponente, que além de fazer belos gols ainda distribuía as jogadas. O time não tinha um centroavante nato, um goleador, os gols eram distribuídos entre os homens de frente e do meio-campo.
No banco, quem organizava todo esse elenco com qualidade absurda era um técnico que muitos diziam ser 'pé-frio', só porque não conseguiu ganhar duas Copas do Mundo, com uma seleção que muitos entendidos diziam: “A melhor que não ganhou a Copa”... Ora, que culpa o técnico tem se o time achava que iria levar o caneco, muito antes de qualquer partida? Que culpa um técnico tem se alguns jogadores eram displicentes com a parte defensiva? Infelizmente, o técnico carregou essa fama de não ser capaz de conquistar títulos importantes por muito tempo.
Mais do que qualquer outro jogador, o Telê merecia aquela conquista, e merecia mesmo. Telê Santana marcou época no SPFC, e graças ao titulo de 92, outros times passaram a encarar a Libertadores com muito mais peso do que vinham encarando. Aquele time de 1992 era simplesmente mágico, e hoje, no jogo SPFC x Atlético-MG receberá uma justa homenagem... Os atuais jogadores entrarão em campo, usando as camisas com os nomes dos jogadores daquela época.
Zetti, Cafú, Antônio Carlos e Ronaldão. Adílson, Pintado, Palhinha, Ivan e Raí, Müller e Elivélton. Técnico Telê Santana. Este foi o time daquela final. Um jogo memorável, lotado de tensão, decidido nos pênaltis. Mais que uma lembrança, esse foi um time inesquecível. Há 20 anos, o meu time conquistava a América. Há 20 anos, o capitão Raí levantou a taça de campeão da Libertadores. Um time histórico. Um momento histórico. Impossível não se emocionar. Impossível não se lembrar.
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