Desde o dia 04 de dezembro, que o futebol brasileiro está de férias. Entre o término do Campeonato Brasileiro e o início dos estaduais, todas as notícias giram em torno de especulações. Para variar um pouco, resolvi fazer algo diferente. Vou contar para vocês o dia em que me tornei são-paulino.
Diferente da grande maioria aqui, eu não sou paulista e nem nasci são-paulino. Sou mineiro, nascido no ano de 1986. Nasci num lar representado pelas cores do Cruzeiro Esporte Clube. Meu avô paterno, de onde herdei o meu nome, havia sido presidente do Cruzeiro nos anos de 1957-58. Portanto, não havia como ser diferente. Levado ao Mineirão em todos os jogos, sendo presenteado com diversas camisas azuis, me tornei o cruzeirense que meu pai e meu avô gostariam que eu fosse. Esta freqüente ida ao estádio infelizmente foi interrompida por uma doença grave que meu avô teve, que o acabou levando a morte. Ele veio a falecer em Agosto de 1997. Um mês após eu ter me tornado são-paulino.
Tudo começou em uma partida lembrada por todos. Era 16/07/1997. Cruzeiro 0x5 São Paulo. Os cinco gols marcados pelo atacante Dodô. Piadas foram contadas por dias. Dias estes, que antecediam ao clássico mineiro. No dia 20/07/1997, Atlético 2x1 Cruzeiro. Imediatamente, tentando fugir das provocações dos amigos, eu os comunicava que havia mudado de time. A partir daquele dia eu era mais um SÃO-PAULINO.
Mas esta mudança não era tão fácil. O meu pai não podia nem sonhar que o seu filho já não era mais torcedor do mesmo time que ele. Com isso, o escondi enquanto pude. Por mais de um ano... Lembro-me de uma partida em que assistia ao seu lado. Era 9 de agosto de 1998. Raí rompeu os ligamentos do tornozelo após uma entrada de Wilson Gottardo. A minha vontade era de mandar aquele zagueiro para um lugar bem distante. Mas tive que me contorcer no sofá e permanecer calado.
Não me recordo quanto tempo depois, e nem em qual situação. Mas em algum dia revelei ao meu pai que eu era são-paulino. Como já era de se esperar, a nossa relação não foi nada amistosa durante um tempo. Sofri pressão por diversas vezes. O nome do meu avô era citado a todo o momento, como se estivesse se revirando no túmulo ao saber daquela minha decisão. Resolvi dar uma chance ao meu lado torcedor, e fui acompanhar a um jogo do Cruzeiro como cruzeirense. Assistia ao jogo pela televisão, até o momento em que o narrador informava que o São Paulo havia acabado de fazer um gol. Imediatamente dei saltos de alegria. Foi ai que percebi que não havia mais jeito. O meu coração já estava tomado pelas cores vermelho, branco e preto.
Com o passar dos anos está paixão foi só aumentando. E hoje posso dizer com todas as letras que sou o MAIOR CAMPEÃO DO BRASIL.
Conte-nos a sua história também. Como foi o dia em que você se tornou são-paulino?
Carvalho Neto
Bela história amigo, meu coração já era tricolor desde pequeno, mas lembro bem dos gols do Dodô neste jogo.