No dia 16 de dezembro de 1935, o São Paulo Futebol Clube tomou lugar de destaque no futebol brasileiro
Grêmio Tricolor - A directoria do Grêmio Tricolor convida
todos os srs. conselheiros e consócios para uma nova reunião a fim
de tratar de assumptos do interesse geral que terá lugar hoje, ás
20 horas, na rua 11 de Agosto, 9-A
Foi com esse simples anúncio publicado no jornal Correio de São
Paulo no dia 16 de dezembro de 1935 que a coletividade são-paulina
se reuniu e se reergueu para trazer novamente à vida o São Paulo
Futebol Clube, que por desventuras políticas teve suspensa
temporariamente a rotina esportiva do clube fundado em 1930 por
dissidentes do Clube Athlético Paulistano e da própria Associação
Athlética das Palmeiras.
Embora inativo dentro das quatro linhas, o São Paulo Futebol
Clube não abandonou o coração dos torcedores em um momento sequer.
Eram ainda 19h quando grande multidão de "sampaulinos" aguardava,
porta à fora do escritório ainda fechado, a reunião que traria à
tona novamente o "Clube da Fé".
Essa fé cega, que sempre acompanhou o Tricolor por onde quer que
estivesse, que guiou fervorosamente as lideranças são-paulinas,
como Porphyrio da Paz, Jaime Roso, Éolo Campos, Alcides Borges,
Frederico Menzen e tantos outros a refundar o São Paulo Futebol
Clube.
Às 20 horas, começou, debaixo da mais intensa emoção e de um
indescritível entusiasmo, a magna sessão que foi aberta pelo
Tenente Porphyrio da Paz, cujo discurso de abertura fez vibrar a
assembleia. Terminadas as suas palavras, pediu Porphyrio à
assembleia que indicasse um dos presentes para presidir os
trabalhos, e, por aclamação foi o próprio Tenente escolhido para
presidir a sessão.
As palavras de agradecimento pela sua escolha fizeram encher de
lágrimas os olhos dos "sampaulinos", bem como deixaram a certeza de
que o futuro do clube estava assegurado pela Fé inquebrantável que
nunca deixou de sustentar os destinos do São Paulo Futebol
Clube.
Ainda debaixo da maior animação, foi proposto o estudo e
aprovação dos estatutos, trabalho esse que durou mais de duas
horas. Aprovados que foram os mesmos, deu-se início então à eleição
da primeira Diretoria que ficou assim constituída:
- Presidente, Manoel Carmo Mecca;
- 1º Vice-Presidente, Alcides Borges;
- 2º Vice-Presidente, Francisco Pereira Carneiro;
- 1º Secretário, Éolo Campos;
- 2º Secretário, Luiz Felipe Paula Lima;
- 1º Tesoureiro, Manoel Arruda Nascimento;
- 2º Tesoureiro, Izidoro Narvaes;
- Diretor Geral de Esportes: Tenente Porphyrio da Paz.
Mecca, o aclamado Presidente, não esteve presente ao início da
assembleia em que foi honrado pois, justamente no dia anterior ao
momento tão esperado por todos os são-paulinos, perdera o filhinho,
que falecera. Ainda sim, sob luto, foi o primeiro signatário da ata
que batizou o Tricolor.
Por volta da meia-noite, debaixo de salva de palmas e urras de
vivas ao Clube, a São Paulo e ao Brasil, foi finalizada a sessão
que trouxe ao mundo o time de futebol que futuramente se tornaria o
mais vitorioso dessas terras. A entidade que possui as melhores
marcas e os maiores recordes. O clube com o patrimônio incomparável
construído com honra, fé e tradição fincadas em raízes profundas do
esporte nacional através das glórias atuais e de outrora.
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