14 de novembro de 2012

Sobre o episódio Renê Simões


O CFA Laudo Natel em Cotia foi criado para ser o celeiro de craques do São Paulo.

Vários jovens saíram dali rumo ao estrelato no Tricolor e posteriormente em clubes Europeus.

O atacante Lucas (Marcelinho na base) é o exemplo mais recente deste projeto.

O jogador faz sucesso no time profissional e em Janeiro mostrará seu talento na França rendendo ao São Paulo oitenta milhões de reais.

O CFA (centro de formação de atletas) em Cotia é quase uma pequena cidade com 220 mil metros quadrados, 8 campos oficiais, 4 campos sociais, alojamento para 110 atletas, hotel para 148 pessoas, REFFIS, e outras benfeitorias para deixar os candidatos a jogador

Com a estrutura praticamente idêntica (ou melhor) a dos profissionais.

Fisicamente, como complexo, é um dos melhores centros futebolísticos de todo o mundo.

Para que toda esta estrutura funcione e valha a pena, ou seja, revele jogadores de qualidade para o São Paulo (sua razão de ser) é preciso ter gente competente em todas as áreas: administrativo, físico, fisioterápico, fisiológico e principalmente técnica.

Obviamente o pé de obra, tem que ser bem garimpado para preencher as categorias que lá existem (sub-15, sub16, sub17 e sub 20) ser lapidado pelos profissionais que lá se encontram.

Quem cuida com mão de ferro de toda esta estrutura, é o gerente de futebol José Geraldo Oliveira, desde a parte burocrática até a chegada e saída de atletas.

Geraldo como é conhecido trabalhou com Juvenal Juvêncio nesta mesma função no São Paulo de 1985 até 1990 e voltou ao clube em 2000.

É homem de confiança do presidente.

Sua forma rígida de administrar, sempre com a anuência do presidente, causa amor ou ódio em funcionários e até em conselheiros do clube.



Fiz esta introdução no texto para o amigo entender como funcionam as engrenagens em Cotia.

A equipe sub 20, que teoricamente tem os atletas que servirão brevemente o time profissional, não vinha bem das pernas no inicio do ano.

O técnico Sergio Baresi abandonou o barco para tentar a carreira em um time de “adultos” (na ocasião saiu dizendo não ser mais técnico para categorias de base e sim para times da serie A ou B) e largou o pepino da preparação final para a Copa São Paulo nas mãos de Zé Sergio, então técnico do sub 17.

O resultado não veio e o time foi eliminado já na primeira fase irritando profundamente o presidente Juvenal Juvêncio que prometeu mudanças.

Zé Sergio foi demitido e para surpresa de muitos, Sergio Baresi voltou para o sub 20 após fracassar no Paulista de Jundiaí.

A principal tentativa de mudança e estruturação nas equipes de base foi feita com a contratação de Renê Simões como diretor geral do futebol.

A tarefa do experiente treinador era implantar uma metodologia de trabalho moderna e eficiente em todas as categorias e deixa-las com a mesma filosofia do time profissional.

Desde o inicio do trabalho Rene Simões detectou vários erros na metodologia usada principalmente nas categorias menores, sub 15 e sub 16.

Aos poucos foi mostrando como deveriam ser feitos os treinamentos técnicos e táticos com os garotos.

Algumas mudanças pretendidas por Rene encontraram resistência de funcionários do alto escalão e de alguns treinadores.

Coisa normal quando se chega em um novo ambiente de trabalho em um alto cargo e tenta-se mudar alguns vícios no modus operandi do lugar.

Com o tempo, Rene Simões conseguiu implantar sua filosofia de trabalho em algumas áreas que julgava importante, mas sempre com um atrito ou outro.

Sua viagem para trabalhar nas olimpíadas de Londres, embora sabida, não caiu bem entre os dirigentes São Paulinos que julgavam ser desleixo do profissional afastar-se de Cotia  por um mês para ser comentarista de uma rede de televisão.

O relacionamento foi se desgastando não só com as pessoas diretamente subordinadas a ele no CFA como também com os dirigentes.

Simões começou a ficar descontente com alguns fatos e passou a se sentir desprestigiado e desautorizado em algumas questões internas.

 Pelo que pude apurar, aconteceram ao longo dos nove meses varias divergências do diretor com Geraldo Oliveira e com alguns antigos treinadores que lá estão.

Renê não teria concordado com a demissão de um treinador do sub 15 e bateu o pé, também não gostou da contratação de 14 garotos que chegaram para experiência, achando que muitos deles não tinham a mínima condição de vestir à camisa do São Paulo e mesmo assim não foi ouvido.

Com o desgaste e a incompatibilidade de pensamentos a diretoria do São Paulo achou que o trabalho não era mais o desejado, o esperado.

Chamou Renê para uma conversa e achou por bem demiti-lo.

Foi combinado entre as partes que se falaria o mínimo possível do assunto na imprensa e seria divulgado que a saída se deu em comum acordo.

No final das contas Rene sabia que sua saída era questão de tempo.

 Ouvi das muitas pessoas com quem conversei a respeito deste episodio para poder montar este quebra cabeças, varias acusações sobre o funcionamento das equipes de base em Cotia.

Não serei leviano e irresponsável de escrever alguma coisa sem provas, pois poderia prejudicar profissionais que até provem contrario são inocentes.

 Obviamente se tiverem provas, algo concreto sobre alguma conduta imoral e até ilegal postarei com prazer aqui no blog até para ajudar a limpar possíveis sujeiras.

Fonte: Blog do Marcello Lima

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