30 de janeiro de 2012

Aniversariante do Dia: Chicão


A Carreira


Preferia jogar futebol pelo Filhos de Funcionários, time amador de sua cidade natal, e acabou ingressando nas categorias de base do XV de Piracicaba, em que chegou a ser campeão de torneios juvenis. Lá, foi descoberto pelo treinador Cilinho, o técnico da equipe profissional do clube piracicabano na época, que o chamou para treinar no time principal. Foi contratado em 1968, mas não conseguiu se tornar titular.
Ainda em 1968, foi emprestado para o União Agrícola Barbarense, de Santa Bárbara d'Oeste, e firmou-se como o principal jogador da equipe.

De lá, transferiu-se para o São Bento, de Sorocaba, e depois para a Ponte Preta. No clube campineiro, jogou novamente em um time orientado por Cilinho e destacou-se novamente. Em 1973, foi negociado com o São Paulo, que defenderia por sete anos. Lá, ele se tornaria um dos grandes ídolos da torcida tricolor.

No ano seguinte ao de sua chegada ao São Paulo, Chicão disputou a Libertadores da América, conseguindo o vice-campeonato. A derrota na final por 1 a 0 para o Independiente, da Argentina, chegou a ser classificada pelo próprio volante como a "maior decepção" de sua vida. Mesmo assim, seu estilo de jogo de sempre buscar a vitória e mostrar muita disposição fazia dele um ídolo para os são-paulinos.

Em 1976, por exemplo, antes de um jogo entre São Paulo e Palmeiras, foi advertido com um cartão amarelo antes mesmo de a partida começar. "Eu cheguei próximo do José de Assis de Aragão e disse a ele: 'Vê se apita direito essa porcaria.' O Aragão não teve dúvida e me deu o amarelo antes do começo do jogo", conta o ex-volante.

Em 1975, conquistou seu primeiro título pelo São Paulo — e também da carreira — ao vencer o Campeonato Paulista. No ano seguinte, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira que disputaria alguns torneios amistosos. Estreou na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, em jogo pela Taça do Atlântico e manteve-se como titular nas quatro partidas seguintes, até romper os ligamentos do joelho direito aos 23 minutos do segundo tempo do jogo contra a Argentina em 19 de maio.

A lesão não foi grave, e ele voltou a jogar menos de um mês depois, em 13 de junho, em partida do São Paulo contra o América de São José do Rio Preto.

Sua maior glória, no entanto, viria em 1977, quando ajudou o time do Morumbi a vencer seu primeiro Campeonato Brasileiro, mesmo depois de se especular sua saída para o Corinthians. O título foi conquistado em cima do Atlético-MG na final, e Chicão foi considerado o melhor jogador em campo. Foi também acusado de quebrar, propositalmente, a perna do atleticano Ângelo, ao pisar nela depois de um carrinho dado por Neca. A partir daí, a torcida atleticana passou a xingá-lo e odiá-lo.

Em 1978, por sua garra, foi convocado para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina, em que o Brasil ficou com a terceira colocação. O treinador Cláudio Coutinho queria contar com um jogador como ele para jogos mais tensos contra adversários que usassem a catimba. Coutinho tinha assistido à partida do São Paulo contra a Ponte Preta, em 1 de fevereiro, quando Chicão foi o melhor jogador em campo, e saiu dizendo que o futebol do volante era "feito de competição pura". "Eu só havia atuado meio tempo contra o Peru e meio tempo contra a Áustria. Saí jogando contra a Argentina no lugar de Cerezo, porque o Coutinho queria mais pegada", contou o ex-jogador ao site de A Gazeta Esportiva em 2003.

Foi nesta partida que Chicão teve sua atuação mais famosa pela Seleção — e sua única em uma Copa do Mundo. Coutinho pediu ao volante que impusesse seu jogo sem ser expulso. Ele se estranhou com o atacante argentino Mario Kempes logo no início do duelo, e, coincidência ou não, o artilheiro da equipe adversária teve fraco desempenho em toda a partida. "Os argentinos queriam fazer aquela catimba de sempre e não conseguiram. Eu cheguei arrepiando e eles se encolheram", lembrou ele, também em entrevista ao site de A Gazeta Esportiva. No início do segundo tempo, levou um cartão amarelo, por uma entrada em Kempes. "A imagem que ficou foi a do implacável Chicão literalmente caminhando sobre Ardiles", escreveu a revista Placar um ano depois. Ganhou dos argentinos o apelido de "Matador".

Chicão permaneceu no São Paulo até o fim de 1979, tendo atuado em 312 jogos e marcado dezenove gols. Foi para o Atlético-MG, onde teve dificuldades para ser aceito por sua nova torcida, por causa do incidente na final do Brasileiro de 1977, mas, ao chegar a Belo Horizonte, conseguiu cativar a torcida depois de ser contratado para jogar justamente ao lado de Ângelo.

Já com 31 anos, chegou para ser exemplo para o jovem time que estava sendo montado. "Nós [os veteranos] puxamos a fila no treino, chegamos mais cedo ao clube, tranqüilizamos o pessoal em campo", explicou o jogar à Placar. Em Minas Gerais, conquistou o Campeonato Mineiro de 1980.

Em 10 de setembro de 1981 o Santos anunciou a contratação de Chicão e de Palhinha junto ao Atlético, por 26,5 milhões de cruzeiros. A decisão do time mineiro, que colocou os jovens De Rosis e Helinho no lugar dos dois, foi criticada pela imprensa.

Nos anos seguintes, jogou ainda no Corinthians de Presidente Prudente, no Botafogo de Ribeirão Preto e no Mogi Mirim, clube em que encerrou sua carreira em 1986, aos 37 anos, não sem antes ser uma das peças-chave no acesso do time à primeira divisão paulista, em 1985. Nessa campanha, ficou de fora de apenas 3 das 36 partidas do time, sendo uma por expulsão, uma por cartões amarelos e só uma por contusão. Com os quatro meniscos operados, não conseguiu mais continuar. Além disso, ele sofria de um problema crônico no nervo ciático. No entanto, sua determinação e raça não deixavam que isso o atrapalhasse quando jogava. Sofria ainda de problemas estomacais que mais de uma vez fizeram com que ele vomitasse em campo — mas seguia jogando do mesmo jeito que antes.
Chicão era um volante que se destacava mais por sua disposição do que pela técnica. Era considerado um jogador raçudo e viril e, ocasionalmente, até violento, mas também foi chamado de "o mais acabado exemplo de raça e amor à camisa que o [São Paulo] teve em sua história. Dizia-se que, "para ele, qualquer um que ameaçasse as vitórias são-paulinas era passível de punição". Quando jovem, trabalhava numa fábrica de sua cidade natal como aprendiz de torneiro-mecânico, atividade que não o agradava.

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